Ganimedes

Ganimedes, na mitologia grega, era um príncipe de Tróia que foi raptado por Zeus para servir néctar aos deuses. É também o nome dado a um dos principais satélites naturais de Júpiter, juntamente com Io, Europa e Calisto, sendo também o maior satélite natural do sistema solar, possuindo um diâmetro de 5.268 km, 8% maior que Mercúrio, mas com aproximadamente metade da sua densidade.

Essa lua possui várias características de um planeta. Durante a sua formação ocorreu o fenômeno de diferenciação, que é quando o material mais denso se deposita no núcleo enquanto é envolto por camadas de material menos denso, assim como houve com a Terra, e esse núcleo é ferroso, o que explica seu campo magnético.

Ganimedes foi descoberta em 11 de novembro de 1610 por Galileu Galilei, apesar de alguns verem Simon Marius como seu descobridor. Durante o século XX, apenas com telescópios, não tínhamos muitas informações sobre Ganimedes. Até que em 1973, as sondas Pioneer chegaram em Júpiter e conseguiram as primeiras boas imagens de sua superfície. Em 1979, as sondas Voyager alcançaram Júpiter e conseguiram identificar dois tipos de terrenos, uma parte coberta por crateras e outra por sulcos.

Em 1980, uma equipe de astrônomos detectaram uma atmosfera em Ganimedes e recentemente o telescópio Hubble confirmou que essa atmosfera é composta de oxigênio, como a atmosfera da lua Europa. Em 1995 a sonda Galileo descobriu que Ganimedes possui seu próprio campo magnético. Com a evolução nas técnicas de processamento de dados, hoje ainda são feitas novas descobertas com as mesmas informações coletadas pela sonda naquela época.

Um campo magnético, ou magnetosfera, é essencial para o surgimento da vida, ele protege contra a radiação cósmica e impede que a atmosfera seja varrida pelos ventos solares. No caso de Ganimedes, sua magnetosfera interage diretamente com a magnetosfera de Júpiter, assim como o vento solar interage com o campo magnético da terra e produz as auroras boreais, as partículas carregadas que saem de Júpiter interagem com o campo magnético de Ganimedes e também produzem auroras, que curiosamente se concentram em dois anéis, um em cada hemisfério.

Foi através das observações das auroras boreais feitas pelo telescópio Hubble que foi possível deduzir a existência de água líquida em Ganimedes. Como? Se Ganimedes fosse composta apenas por material rochoso/ferroso, a posição dos anéis mudaria bastante por causa da influência da rotação do campo magnético de Júpiter, mas isso não acontece. Então a equipe de astrônomos liderada por Joachim Saur, da Universidade de Colônia (Alemanha) concluiu que é preciso haver uma camada subterrânea condutora de eletricidade, um oceano de água salina sob a superfície congelada da lua.

Essa suposição já era esperada desde os anos 2000 e fica praticamente comprovada agora com esta nova descoberta. Isto põe Ganimedes na categoria de astros que podem abrigar vida no sistema solar.

Em 2022, a Agência Espacial Europeia (ESA) planeja lançar a missão Juice, a sonda irá chegar em Júpiter em 2030 e passará 3 anos fazendo análises e coletando dados. O principal foco da missão é explorar as três luas de Júpiter que podem abrigar vida, Europa, Calisto e Ganimedes.

Referências:

BARBOSA, Cássio. Hubble confirma: água em Ganimedes. G1. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/blog/observatorio/post/hubble-confirma-agua-em-ganimedes.html

Ganimedes, lua de Júpiter. Astronoo. Disponível em: http://www.astronoo.com/pt/ganimedes.html

JUICE is Europe’s next large science mission. Europe Space Agency (ESA). 2012. Disponível em: http://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/JUICE_is_Europe_s_next_large_science_mission