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Ano Bissexto

  • Gabriel Tolardo e Guilherme Tel
  • 18 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

Para falar do ano bissexto é preciso lembrar o que é um calendário, os tipos de calendários que existem e para que servem. Um calendário é um sistema de contagem que serve para registrar a passagem dos dias e acompanhar fenômenos astronômicos relevantes para determinada cultura, como as fases da Lua e as estações do ano, decorrentes do movimento de rotação da Terra ao redor do Sol. E como cada cultura pode ter um interesse maior em um fenômeno astronômico específico, as mesmas baseiam seus calendários ao redor de um fenômeno, assim existem diversos tipos de calendários, como os lunares, os solares (estações do ano), os luni-solares e até mesmo calendários completamente arbitrários que não seguem nenhum fenômeno. Dentre os calendários mais famosos ainda em uso temos o islâmico, o hebraico, o chinês e o que vamos tratar aqui, o Gregoriano.

O conceito de ano bissexto é encontrado apenas nos calendários Gregorianos e em seus antecessores, o calendário Juliano e o Augustiano. Mas como surgiu o conceito de ano bissexto? Para responder a essa pergunta temos que voltar no tempo e ver como surgiu o primeiro calendário: de acordo com uma lenda o calendário romano foi criado por Rômulo, o fundador de Roma, este calendário era composto por 304 dias divididos entre 10 meses. Posteriormente, o calendário de Rômulo foi adaptado pelo seu sucessor Pompílio, o qual fez um calendário com 355 dias, mas agora dividido entre 12 meses.

Séculos depois, em 46 a. C., Júlio César solicitou ao astrônomo Sosígenes que arrumasse uma forma de arrumar a discrepância entre o ano civil e o ano solar. Baseando-se no modelo egípcio, Sosígenes define o calendário com 365 dias com um adicional de um dia a cada 4 anos. Os 365 dias foram divididos em 12 meses, como já conhecemos, e ainda, as estações do ano passaram a ter datas definidas, sendo o oitavo dia antes dos meses de abril, julho, outubro e dezembro. Vale ressaltar ainda que, como a divisão dos 365 dias nos 12 meses do ano não é exata e visando abranger as 4 fases da lua, alguns meses ficaram com 30 dias e outros com 31. Isso nos leva a questionar o motivo pelo qual fevereiro só possui 28 dias, e a resposta é que com a morte de Júlio César, o senado romano decidiu homenagear o imperador, alterando o nome do mês Quintilis, que tinha 31 dias, para Julius (julho). Posteriormente, a fim de homenagear o imperador César Augusto, o mês de Sextilis passou a chamar-se Augustos (agosto), porém esse mês possuía apenas 30 dias e para que ambas as homenagens fossem igualadas, decidiu-se acrescentar um dia em agosto, para que isso fosse possível, a solução foi remover um dia do mês de fevereiro, que já tinha uma data a menos, por conta da repetição em anos bissextos. Assim, fevereiro ficou com 28 dias em anos comuns e 29 (com repetição do dia 24) em bissextos.

O calendário encomendado por Júlio César ficou conhecido como Juliano, e não é muito diferente do Augustiano. O calendário Augustiano surgiu para corrigir um pequeno problema, que mesmo o Juliano levando em conta o fato de que os anos bissextos deveriam incluir um dia a mais a cada 4 anos, porém durante sua implementação ocorreu um erro e o dia extra acabou sendo incluído de 3 em 3 anos. Este erro foi detectado tão rapidamente que o calendário Juliano vigorou apenas entre 45 a. C e 7 d. C., já o Augustiano, aplicando o ano bissexto a cada quatro anos, e levando em conta os novos nomes de meses mencionados acima durou de 8 até 1581, quando teve de ser substituído. (Entretanto alguns consideram o Augustiano apenas uma revisão do modelo Juliano, logo considerando que o Juliano vigorou de 45 a. C. até 1581 d.C.).

Mas por que ele teve de ser ser substituído? Muito simples, existe uma pequena discrepância entre um ano no calendário, 365 dias e o ano solar, que dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos, 45 segundos e 138 milisegundos. A diferença é pouca mas ao se acumular durante o passar dos anos seu efeito pode ser percebido, caso uma cultura possuam um dia especial no seu calendário para festejar a chegada da primavera, com o passar dos anos tal data não coincidiria mais com o início da primavera. De início o calendário Juliano/Augustiano tentaram resolver o problema, pois para e precisão da época o ano solar poderia ser arredondado para 365 dias e 6 horas, essas 6 horas se acumulam em 4 anos para formar 24 horas, ou seja, um novo dia para ser colocado no final do mês de Fevereiro e recomeçar o processo. Com o passar dos anos o erro de se “arredondar” o tempo para 6 horas se acumulou e a cada 128 anos o ano solar estaria desalinhado por 1 dia em relação ao Juliano e até 1581 o calendário estava 10 dias atrasado em relação às estações do ano. Para verificar o erro, o Papa Gregório XIII convocou matemáticos e astrônomos para consertar o erro e assim nasceu o calendário Gregoriano, manteve-se a base do seu antecessor e novas regras foram adicionadas para o ano bissexto, assim, manteve-se a regra de que a cada quatro anos, haveria um ano bissexto, mas, se o ano for um múltiplo de 100, o mesmo não será bissexto e entretanto, caso seja múltiplo de 400, este será um ano bissexto. Assim 1900 não foi um ano bissexto, mas 2000 foi e 2100 não será. Infelizmente o calendário das estações ainda vai divergir do calendário Gregoriano, mas, isso só acontecerá a cada 3216 anos!

Referências

[1] https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/ano-bissexto.htm

[2] http://www.observatorio.ufmg.br/pas39.htm

 
 
 

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