O primeiro desembarque no lado escuro da Lua

A parte oculta da Lua já foi foco de muitas discussões e especulações no âmbito científico. Devido a sincronia entre os movimentos da Terra e da Lua, uma parte do nosso satélite natural sempre fica escondida, enquanto a outra sempre a mostra. Isso dificulta, e muito, o lançamento de naves para essa região.

Recentemente, a China conseguiu, em uma de suas missões espaciais, mandar uma sonda para o lado escuro da Lua. Essa missão espacial faz parte de um grande programa chinês de exploração lunar, caracterizado pelas missões Chang’e. As duas primeiras (Chang’e 1 e Chang’e 2) missões tinham o objetivo de explorar a órbita da Lua, enquanto a terceira e a quarta foram responsáveis por explorar a superfície, e esta última foi a que alcançou o lado oculto da Lua. Atualmente, a sonda da missão Chang’e 4 já está cumprindo seu objetivo de explorar regiões no satélite até então inexploradas pela humanidade, e devido a dificuldade de comunicação, no lado escuro da Lua, as imagens (já disponíveis e publicadas pela China) foram intermediadas por um satélite de retransmissão, batizado de Queqião, antes de chegar à Terra. Vale ressaltar que, dentre toda a região que a sonda vai explorar, o principal objetivo é a cratera chamada de Von Kármán, localizada na Bacia do Polo Sul-Aitken. Essa imensa estrutura tem mais de 2,5 mil km de diâmetro e mais de 13 km de profundidade, ela é a maior, mais profunda e mais velha bacia da Lua. Acredita-se que ela foi formada por um impacto gigantesco.

A sonda possui vários equipamentos que possibilitam alguns experimentos no ambiente lunar, como duas câmeras, um experimento alemão com radiação chamado LND e um espectrômetro, para fazer observações de baixa frequência, pois no “lado oculto” da Lua evita-se os “ruídos” da Terra; Também levou-se 3 kg com sementes de batatas e Arabidopsis e ovos de bicho-da-seda para experimento da “mini biosfera lunar”; Outros equipamentos são uma câmera panorâmica, um radar para espreitar a camada inferior da superfície lunar, um espectrômetro de imagem para identificar minerais e um experimento para examinar a interação do vento solar com a superfície lunar.

O veículo lunar Yutu-2, que se desprendeu da nave alguns dias depois do pouso, é equipado com um equipamento chamado “Radar Penetrante Lunar” que conseguiu mapear 40 metros abaixo da superfície da Lua, revelando novas informações sobre o astro: foi identificado três camadas no solo lunar. Até os 12 metros têm-se a primeira camada que é formada de partículas de poeiras finas provenientes de degradação das rochas ou colisões de pequenos meteoritos. A segunda camada apresenta rochas maiores, provavelmente resquícios de colisões maiores, e vai até 24 metros de profundidade. E nos 40 metros finais, a última camada é formada por materiais finos e brutos.

Com isso a China cresce cada vez mais em relação à exploração espacial, mantendo seu objetivo de se tornar líder na exploração ao lado dos Estados Unidos e da Rússia, e já existem planos de mandar astronautas à Lua e construir sua própria estação espacial em um futuro próximo.

Referências:

[1] Após pouso, novas fotos do lado oculto da Lua são divulgadas. Revistagalileu, 2019. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/01/apos-pouso-novas-fotos-do-lado-oculto-da-lua-sao-divulgadas.html>. Acesso em: 27 de maio de 2020.

[2] Sonda chinesa pousa no lado oculto da Lua pela primeira vez na história. G1.globo, 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/01/03/pela-primeira-vez-na-historia-sonda-chinesa-pousa-no-lado-oculto-da-lua.ghtml>. Acesso em: 27 de maio de 2020.

[3] O que é o ‘lado oculto da Lua’ e por que a China quis chegar la. BBC News, 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-46735877>. Acessado em: 27 de maio de 2020.

[4] Sonda chinesa começa a desvendar lado oculto da Lua. Super Interessante, 2020. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ciencia/sonda-chinesa-comeca-a-desvendar-lado-oculto-da-lua/. Acessado em: 27 de maio de 2020