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ÓCULOS PARA DALTONISMO: ORIGEM, FUNCIONAMENTO E CONTROVÉRSIAS

Nuria Criado Scarpin e Lucas Freitas Bizerra

A luz visível ou espectro visível é o conjunto de ondas eletromagnéticas que, ao penetrar em nossos olhos, pode sensibilizar a retina e desencadear o mecanismo da visão. A retina humana possui três tipos de células sensíveis às cores, chamadas de cones. Cada tipo de cone dispõe de fotopigmentos levemente diferentes, que detectam ondas luminosas longas (L), médias (M) ou curtas (C). Os cones L (ou “vermelhos”) respondem mais fortemente à luz amarela; os cones M (ou “verdes”) respondem mais à luz verde; e os cones C (ou “azuis”), à luz azul-violeta. Quando nosso cérebro coleta e junta as informações reunidas pelos três tipos de cones, ele é capaz de identificar diferentes tons de uma mesma cor. O daltonismo é um distúrbio hereditário ou adquirido, caracterizado por uma anomalia na visão das cores, devido à insuficiência de cones ou à alteração em seu pigmento, fazendo com que eles respondam a uma gama diferente de ondas, o que interfere na capacidade de distinguir cores.

Os óculos que corrigem o daltonismo foram desenvolvidos quase por acaso. O engenheiro de materiais Don McPherson criou estas lentes para proteger cirurgiões e assistentes em cirurgias com laser. Devido ao design atrativo, os óculos começaram a ser utilizados fora das salas de cirurgia e notou-se que as cores pareciam muito mais saturadas. Certo dia, durante uma partida de frisbee, um amigo daltônico de Don McPherson testou os óculos e teve a surpresa de enxergar as cores dos cones de trânsito. Desde então o engenheiro começou a estudar sobre daltonismo e se uniu a Tony Dykes e Andrew Schmeder, fundando a EnChroma, que desde 2012 comercializa este tipo de óculos.

A tecnologia dos óculos desenvolvidos por McPherson funciona através da colocação de uma banda de absorção nas lentes que captura a luz, deixando passar apenas o suficiente para sensibilizar os fotoreceptores e corrigir defeitos na visão. A lente filtra fragmentos do espectro eletromagnético nas regiões que correspondem à áreas de maior sobreposição de sensibilidade dos cones L, M e C, criando uma barreira entre esses dois canais de informação. Desse modo, é possível haver uma maior diferenciação de percepção das cores.

Os óculos são paliativos que emocionam (v. https://www.youtube.com/watch?v=-rMjUsG--zo) aqueles que veem o mundo pela primeira vez com novas nuances e cores, porém, causam controvérsias entre os especialistas. Estes não são uma cura para o daltonismo; o que fazem é modificar a forma como as pessoas percebem a luz. Eles não reproduzem exatamente as cores que uma pessoa não daltônica enxerga. Outro ponto é que a solução não atende a todas as pessoas com daltonismo, porque a manifestação do distúrbio varia de pessoa para pessoa. Ademais, na maior parte dos casos o acessório é vendido sem prescrição médica. Por outro lado, é fato que as lentes alteram a luminosidade das cores, expandindo as do espectro verde-vermelho ou criando um mundo mais saturado e com mais contraste. Não há dúvida de que a tecnologia está ajudando alguns daltônicos, e que serve como objeto de estudo para o desenvolvimento de outras mais eficientes.

REFERÊNCIAS:

[1] BOMFIM, Cristiane. “Especialistas divergem sobre uso de óculos para daltonismo”. VivaBem, 12 fev. 2020. Disponível em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/02/12/especialistas-divergem-sobre-uso-de-oculos-para-daltonismo.htm. Acesso em 13 de Novembro de 2020

[2] “Como funcionam os óculos que corrigem o daltonismo?”. Viallure Lentes & Óculos, 23 mar. 2020. Disponível em https://www.lenteseoculos.com.br/como-funcionam-os-oculos-que-corrigem-o-daltonismo/. Acesso em 13 de Novembro de 2020

[3] “Cientista desenvolve acidentalmente óculos que corrigem daltonismo”. UOL, 05 mar. 2020. Disponível em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/03/05/cientista-desenvolve-acidentalmente-oculos-que-corrige-daltonismo.htm. Acesso em 13 de Novembro de 2020

[4] STONE, Maddie. “Estes óculos podem ajudar daltônicos? Colocamos o EnChroma à prova”. Gizmodo Brasil, 25 mai. 2016. Disponível em https://gizmodo.uol.com.br/analise-oculos-enchroma-daltonicos/. Acesso em 13 de Novembro de 2020.

[5] MICHA, D.N; PENELLO,G.M; KAWABATA, R.M.S; CAMAROTTI, T. “"Seeing the invisible". Low cost and ordinary materials experiments” SciELO Brasil, jan./mar. 2011. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-11172011000100015. Acesso em 13 de Novembro de 2020.
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