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Muriel Y. Jorge e Lucas B. Bueno

A Filosofia dos Atomistas

A filosofia dos atomistas consiste na crença de que os elementos básicos da realidade são os átomos, com definições diferentes em cada época, mas, afinal, sendo partículas de matéria indivisíveis, indestrutíveis e que se moviam no espaço. O texto a seguir resume a filosofia dos atomistas, focando principalmente em Leucipo, Demócrito, Epicuro e seu seguidor Lucrécio, acentuando a materialidade, a aleatoriedade dos movimentos atômicos e a busca pela ataraxia, a completa ausência de perturbações ou inquietações da mente, como objetivo da vida.


Leucipo de Mileto (c.500-430 a.C.)

Figura : Ilustração de Leucipo.

(Fonte: Luca Giordano, Pinacoteca Querini Stampalia.) 


De acordo com Aristóteles, o atomismo originou-se do fato de os Eleatas negarem o vazio, de onde se deduziu serem impossíveis a multiplicidade e o movimento. Leucipo achou ter descoberto a teoria que evitaria esta consequência: ele afirmou a existência do espaço vazio. O vazio dos pitagóricos era identificado mais ou menos com o ‘’ar’’, enquanto o vazio de Leucipo era um não-ser real. (BURNETT, J. 1978, p. 304). A teoria dos átomos seria explicada como: em um movimento real é que estariam se movimentando uma infinidade de ‘’figuras geométricas cheias’’ que eram invisíveis, indivisíveis, móveis por si e que apresenta várias formas e tamanhos. Essas figuras se chamariam ‘’átomos’’. A diferença entre os átomos são as causas que produzem as outras coisas. Tais diferenças são: forma, ordem e posição.


Demócrito de Abdera (c.460-370 a.C.)

Figura : Ilustração de Demócrito.

(Fonte: Juan Bautista Martínez del Mazo, Museu do Prado.) 


Sua concepção materialista do universo seria de que ele fosse constituído por apenas dois princípios: o contínuo incorpóreo e infinito (o vazio) e o descontínuo corpóreo e finito (os átomos em movimento). Dessa forma, o pensamento seria um movimento: ‘’o movimento existe porque eu penso e o pensamento é algo real’’.  Ele acreditava que a alma, sede dos pensamentos, era feita da matéria mais móvel, de átomos de fogo sutis, lisos e arredondados. Essas partículas de fogo estariam espalhadas por todo o corpo, de modo que entre todos os átomos corporais se intercalam átomos de alma que se movem perpetuamente. A respiração era responsável por manter esses átomos de fogo dentro de nós e, se a respiração para, o fogo interior escapa e disso resulta a morte.

Além disso, sobre sua teoria das Percepções dos Sentidos, Demócrito fez uma avaliação puramente mecânica da sensação, assim como Leucipo. Uma vez que a alma se compõe de átomos como qualquer outra coisa, a sensação deve consistir no impacto dos átomos externos sobre os átomos da alma, e os órgãos dos sentidos devem ser simplesmente “passagens” através das quais estes átomos se introduzem.


Epicuro de Samos (341-270 a.C.) 

Figura : Escultura do busto de Epicuro.

(Fonte: Museu Britânico.) 

O epicurismo é uma filosofia de valor pessimista, contando com traços de apatia sobre o mundo, com foco de felicidade de abstenção, com desistência e ataraxia, com propósito de quietude para alma. A filosofia epicurista tem uma visão materialista do universo, fazendo com que cada uma de suas partes faça sua tarefa em paz, assim como uma máquina, remetendo à quietude antes comentada. No final, esta filosofia diz que a felicidade para o homem não pode existir se há o medo de deuses e morte, porém, com o estudo da natureza e da Física, o homem é libertado dos temores e pode ser feliz.

No atomismo epicurista, Epicuro utilizou as teorias atômicas de Leucipo e Demócrito sobre como o mundo é formado por um vazio e átomos, em que estes são indivisíveis, eternos e imutáveis, formando tudo o que existe. Além disso, na época havia já a eterna discussão sobre a formação do universo, em que Demócrito acreditava que os átomos cairiam no vazio em uma direção paralela, fazendo com que os átomos mais pesados (e, assim, mais rápidos) colidisse com os átomos menores e lentos. Dessa forma, geraria miríades de movimentos, formando planetas. Porém, Aristóteles acreditava que não haveria choque entre os átomos menores e maiores, pois não acreditava no vazio de Demócrito, e ainda se acreditasse, ele dizia que o vazio não traria resistência para nenhum dos átomos, fazendo com que caíssem com mesma velocidade e não gerassem nada. Epicuro, então, introduziu um conceito de um pequeno movimento lateral aleatório e sem causa, que explicaria a agregação dos átomos e a formação dos mundos.


Tito Lucrécio Caro (c.99-55 a.C.)

Figura : Ilustração do busto de Tito Lucrécio.

(Fonte: Reprodução.) 


Lucrécio era um seguidor de Epicuro, que compartilhava suas visões como a liberação do medo da morte e deuses, tendo um grande traço de desprezo a uma época tão religiosa, com superstições e crenças que impedia o homem a chegar à felicidade do epicurismo. Para ele, a alma era formada por átomos mais frágeis e etéreos que os que formam a matéria, e com a morte esses átomos se desfazem junto com o do corpo, resultando na desaparição da alma, sem ter que temer com um castigo após a morte, pois esta é apenas uma inconsciência. Dessa forma, outros elementos serão constituídos dos mesmos átomos, mas não terão a memória. Nesse propósito, Lucrécio queria fazer com que o homem não temesse a morte ou o inferno respectivo à sua religião, mas sim que vivesse e aproveitasse a experiência de viver.

O Clinâmen é a teoria de Lucrécio sobre o desvio imprevisível de átomos, que conforme as ideias epicuristas, diz que esse desvio ocorreria em nenhum lugar e em nenhum tempo fixo, uma incerteza que formaria o livre-arbítrio para todos. Ele diz que para as colisões entre os átomos ocorrerem, ao invés dos átomos caírem direto como gotas de chuva, tem que haver um desvio pequeno no espaço (com tempo e lugar incertos) para ver que o movimento muda, assim há colisões entre átomos e formação de matéria. Ademais, Lucrécio antecipou o conceito de conservação de massa, que é atribuído a Lavoisier, com seu poema “A Natureza das Coisas”.



REFERÊNCIAS:

GARDELLI, D. Os Atomistas. 2021. Notas de aula. 

COSTA, F. N. Epicurismo e Atomismo. Blog Cidadania & Cultura, 2015. Disponível em: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2015/02/16/epicurismo-e-atomismo/. Acesso em: 15/07/2024.




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