Astrônomos de Manchester capturam imagens da Nebulosa do Anel usando o James Webb Space Telescope
- Camila dos Santos Souza e Gustavo Henrique Sahd
- 21 de ago. de 2023
- 3 min de leitura

Nova imagem da Nebulosa do Anel
Fonte: https://www.manchester.ac.uk/discover/news/asset/de4bc8c9-0942-4e2e-862b-9376900f6a7e/ringnebula
Recentemente o telescópio espacial James Webb registrou novas imagens através do infravermelho da famosa Nebulosa do Anel ou Messier 57 (M57), muito conhecida pela sua estrutura parecida à de um anel. As imagens foram divulgadas no dia 03/08/2023 pelos professores Mike Barlow e Albert Zijlstra, ambos do Reino Unido, e pelo Dr. Nick Cox da França.
Albert Zijlstra, professor de astrofísica na Universidade de Manchester, disse: “Estamos maravilhados com os detalhes das imagens, melhores do que nunca. Sempre soubemos que as nebulosas planetárias eram bonitas. O que vemos agora é espetacular”, Mike Barlow e Nick Cox acrescentaram dizendo que as novas imagens possibilitam observar a região interna ao redor da anã branca que originou a nebulosa. Com as novas imagens é possível que astrônomos e astrofísicos entendam melhor sobre o ciclo de vida das estrelas.
A Nebulosa do Anel foi a segunda nebulosa planetária a ser identificada pela humanidade, a primeira foi a Nebulosa do Haltere (M27). Em 1779, Antoine Darquier de Pellepoix descobriu a M57 quase que simultaneamente com Charles Messier, que a descreveu como uma “nebulosa ordinária” e parecida com um planeta tênue. Essa descrição pode ter influenciado William Herschel a cunhar o termo “nebulosa planetária”.
No início de sua descoberta, pensava-se que ela tinha um formato circular. Entretanto, corroborando com uma suspeita de John Herschel, em investigações mais recentes, o astrônomo Georg Jacoby encontrou evidências de que de fato ela tem um formato cilíndrico. À priori vemos um formato circular, apenas porque estamos olhando para um dos polos da nebulosa, enxergando de frente o eixo central do cilindro.
Nebulosas planetárias contém elementos pesados obtidos durante a vida da estrela que lhe deu origem. Portanto, através de uma nebulosa pode-se esboçar a história de vida e morte de uma estrela. Els Peeters, astrofísico da universidade Western, diz: “A estrutura desse objeto é incrível. E pensar que tudo isso foi criado por apenas uma estrela moribunda. Além do tesouro morfológico, também há muita informação sobre a composição química do gás e da poeira nessas observações. Até encontramos grandes moléculas carbonáceas nesse objeto e não temos uma ideia clara de como elas chegaram lá.”.
Com a foto tirada pelo James Webb, pode-se ter uma leve visão do que será o sol daqui a mais ou menos 5 bilhões de anos. Isso pois, estrelas com uma massa parecida com a do sol têm um ciclo de vida em que, ao esgotar todo o combustível para a fusão nuclear, passam pelas fases de gigante vermelha e super gigante vermelha. Nesta última fase, essas estrelas têm seus núcleos colapsados, fazendo com que os gases presentes na sejam expelidos para fora. No caso do sol, ele irá se expandir sobre os planetas próximos e é nesse momento de expansão que uma nebulosa planetária se forma.
“Estamos testemunhando os capítulos finais da vida de uma estrela, uma prévia do futuro distante do sol, por assim dizer. E as observações do JWST abriram uma nova janela para a compreensão desses eventos cósmicos inspiradores. Podemos usar a nebulosa do Anel como nosso laboratório para estudar como as nebulosas planetárias se formam e evoluem.” observa o astrofísico Mike Barlow da University College de Londres.
REFERÊNCIAS:
MANCHESTER astronomer captures stunning images of the Ring Nebula on James Webb Space Telescope. The University of Manchester Magazine, 3 ago. 2023. Disponível em: https://www.manchester.ac.uk/discover/news/manchester-astronomer-captures-stunning-images-of-the-ring-nebula-on-james-webb-space-telescope/. Acesso em 21 de agosto de 2023.
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