EXPLORAÇÃO LUNAR

Com o pouso tripulado na Lua por parte dos EUA em 1969, a corrida espacial entre os Estados Unidos e a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desacelerou e ambos os países diminuíram os investimentos na área da exploração espacial. Nos últimos anos, graças aos recentes avanços tecnológicos na área espacial, como o lançamento do telescópio espacial James Webb, e com o interesse de empresas como a SpaceX e Blue Origin, voltamos a nos dedicar à exploração espacial, dessa vez com objetivos mais ambiciosos e com mais países participando.

Um dos grandes objetivos da “nova era da exploração espacial” é colonizar Marte e para conquistar esse objetivo é indispensável a “conquista” da Lua. A ideia é usar a Lua como uma espécie de “posto intermediário”. A força gravitacional da Lua é cerca 6 vezes menor que a força gravitacional da Terra, logo é mais fácil realizar lançamentos a partir da Lua, além de servir como “uma estação espacial”, onde é possível armazenar materiais e peças, realizar abastecimentos, experimentos na superfície lunar, entre outras necessidades.

Hoje nós temos uma noção do quão difícil é explorar o espaço. Serão necessárias diversas simulações e missões em órbita terrestre e lunar para garantir que todos os sistemas estejam funcionando corretamente, garantindo a segurança dos astronautas. Além de missões na superfície terrestre, na última semana a Rússia e a Índia enviaram sondas lunares com o objetivo de pousar pela primeira vez no polo sul de nosso satélite. Até então, a Rússia e o Japão haviam tentado pousar nessa região, mas infelizmente sem sucesso.

Após 47 anos, em 10 de agosto do corrente ano, a Rússia realizou uma nova missão em direção à Lua, desta vez com a sonda Luna-25, com o principal objetivo de confirmar a presença de gelo no polo sul lunar, além de realizar o primeiro pouso suave na região. O polo sul lunar fica na parte escura da Lua e possui um solo cheio de crateras, o que torna o pouso ainda mais difícil nesta região.

Ilustração do módulo lunar Luna-25 na Lua. Foto: Nasa, (Fonte; REVISTA GALILEU, 2023)

Apesar de ser lançada meses após a sonda indiana, a trajetória utilizada pela Rússia permitiu que ela chegasse um pouco antes na órbita lunar, o que a permitiria pousar na segunda, dia 21 de agosto, mas, infelizmente a sonda acabou colidindo com a Lua no sábado, dia 19 de agosto. Segundo Yuri Borisov, chefe da agência espacial russa, Roscosmos, houve um problema no conjunto de motores do módulo lunar que o fez funcionar por 127 segundos ao invés de 84 segundos. Essa falha teria deixado a sonda mais próxima do solo antes do esperado, mas um comitê está sendo organizado para confirmar e resolver a causa do problema. A Roscosmos também disse que irá acelerar o desenvolvimento das missões Luna-26 e Luna-27 após resolver descobrir o problema da Luna-25. Provavelmente, uma das causas tenha sido o embargo contra a Rússia devido à guerra, iniciada por Zelensky, da Ucrânia. As informações de telemetria têm que usar muitas antenas espalhadas no globo terrestre: com o embargo, provavelmente, os dados de telemetria tenham ficado mais escassos, especialmente para o complexo processo de pouso.

A primeira foto detalhada da superfície da lua tirada pela espaçonave russa Luna-25. Foto: Roscosmos

Nesta quarta, dia 23 de agosto de 2023, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) conseguiu com sucesso realizar o pouso da sonda Chandrayaan-3 no polo sul lunar, tornando, assim, os indianos como os primeiros no mundo a alcançar essa região da Lua. O pouso do foguete aconteceu por volta das 9h30 (horário de Brasília), próximo da região inexplorada da Lua, a qual se acredita haver fonte potencial de água e oxigênio (pois existem crateras que nunca receberam luz solar, podendo ter aprisionado muita água em seus interiores). Outra tentativa de um pouso lunar já havia sido realizada pela Índia em setembro de 2019 com a Chandrayaan-2, porém, um erro no software fez com que houvesse uma falha na aterrissagem, fazendo a sonda se espatifar contra o solo lunar.

Sonda Indiana Chandrayaan-3 realizando pouso em região inexplorada da lua. Foto: Divulgação

A Chandrayaan-3 possui um módulo de pouso chamado “Vikram” que possui quatro instrumentos que ajudarão decisivamente nas pesquisas lunares. O primeiro módulo é uma sonda térmica que será usada para medir a temperatura da superfície lunar e suas propriedades. O segundo instrumento irá estudar uma camada tênue da lua chamada de ionosfera. O terceiro será capaz de medir abalos sísmicos lunares. E o quarto terá um conjunto laser retrorrefletor para analisar a dinâmica do sistema lunar.

A missão pretende ainda avaliar o espectro da atmosfera terrestre para descobrir um padrão que possa, por comparação, identificar atmosferas planetárias em exoplanetas.

A missão pode dar à Índia um papel de protagonismo na nova corrida espacial, apenas atrás da China, que havia sido o único país no século a realizar um pouso na superfície lunar.

Imagem captada pela sonda após o pouso. Foto: Landing Imager Camera

Referências

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G1. Após pouso histórico no polo sul da Lua, robô indiano começa a andar pela superfície lunar. G1, 2023 Disponível em: <https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/08/24/apos-pouso-historico-no-polo-sul-da-lua-robo-indiano-comeca-a-andar-pela-superficie-lunar.ghtml> Acesso em: 25 de agosto de 2023;

REVISTA GALILEU. Saiba quais são os objetivos da primeira missão da Rússia à Lua desde 1976.. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/ciencia/espaco/noticia/2023/08/saiba-quais-sao-os-objetivos-da-primeira-missao-da-russia-a-lua-desde-1976.ghtml> Acesso em: 25 de agosto de 2023.

GLOBO, O. Módulo lunar indiano Chandrayaan-3 pousa em região quase inexplorada da Lua. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/08/23/modulo-lunar-indiano-chandrayaan-3-pousa-em-regiao-quase-inexplorada-da-lua.ghtml>. Acesso em: 23 ago. 2023.

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SPACE. India's Chandrayaan-3 Moon Mission: What's Next? Disponível em: <https://www.space.com/india-chandrayaan-3-moon-mission-what-next>. Acesso em: 23 ago. 2023.