Santos Dumont e o primeiro avião
- Ariane Guanini e Matheus Alves
- 28 de abr. de 2021
- 3 min de leitura
O desejo de conhecer melhor os céus sempre fez parte da história humana. Os mistérios escondidos no céu atmosférico e astronômico foram grandes impulsionadores no desenvolvimento de máquinas aéreas que pudessem aproximar o homem para melhor conhecer esse pedaço do infinito.
Existem desenhos de máquinas voadoras concebidas por Leonardo Da Vinci ainda no século XV, porém, o primeiro voo feito na história só ocorreu no início do século XX. Atualmente existe uma certa polêmica sobre quem de fato inventou o primeiro avião, tendo por um lado, o brasileiro Alberto Santos Dumont e do outro, os irmãos Wilbur e Orville Wright.
Os irmãos Wright realizaram seus testes na praia de Kitty Hawk, no dia 17 de dezembro de 1903. Orville realizou seu primeiro voo, percorrendo 37 metros em 12 segundos. Pouco depois, Wilbur fez um voo de 260 metros em 59 segundos. A propulsão de tal avião teria sido realizada por uma espécie de catapulta, mas o voo em si não teve testemunhas.
Já o avião de Santos Dumont, chamado de 14-Bis (porque no teste aerodinâmico ele foi inicialmente montado abaixo de um pequeno balão dirigível, o 14), decolou em outubro de 1906, durante uma exibição pública feita no campo de Batalle, contando com cerca de mil testemunhas e sob os auspícios de um recém-criado Comitê Aeronáutico. Sem utilizar nenhuma catapulta, apenas com os recursos do próprio avião para decolar, o 14-Bis permaneceu a uma altura entre 2 e 3 metros, percorrendo uma distância de 60 metros. NUma segunda tentativa, percorreu quase 4 vezes essa distância sempre com o auxílio do próprio motor (sem uso de catapulta ou balões). Santos Dumont, embora sempre seja lembrado pelo 14-Bis, também foi responsável por outras diversas realizações. Em julho de 1898 ele realizou o primeiro voo de um balão com propulsão própria, batizado de “Brasil”, em homenagem à sua terra natal. Foi o menor balão dirigível construído no mundo e ele o utilizava para tomar café no centro de Paris.
Antes do voo de seu 14-BIS, em 1900, o milionário francês Henri Deutsch de la Meurthe lançou um desafio aos construtores de dirigíveis: partir do Campo de Saint-Cloud, fazer a volta na Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida em 30 minutos, pelo prêmio de 100 mil francos. Após o fracasso dos demais competidores, Dumont fez diversas tentativas com outras gerações de balões, após o “Brasil”, até o Nº5. Em 1901, Dumont obteve sucesso e contornou a Torre Eiffel com o Dirigível Nº6, sendo esse o balão de sexta geração. No jantar de comemoração deste feito, Santos-Dumont reclamou da dificuldade de operar o balão: leme, motor, dirigibilidade, usando relógio de bolso para ficar de olho na marca estabelecida pelo Prêmio. Nesta noite, este problema foi resolvido por seu amigo Cartier, que fez o primeiro relógio de pulso a quem ele deu o nome de SANTÔ.
Também foi de Santos Dumont a ideia de construir o primeiro hangar do mundo, que ele usava para guardar seus dirigíveis com segurança. Também projetou as portas do hangar, utilizando rolamentos.
Santos-Dumont inventaria ainda aquele que é considerado o avô de todos os aviões ultraleves no mundo: o Demoiselle. O avião tinha grande autonomia e era bastante ágil à época. Como Santos-Dumont não patenteava (por escolha própria) suas invenções, o Demoiselle foi o avião mais copiado no mundo.
Após ser diagnosticado com esclerose múltipla e sofrer um acidente aéreo em janeiro de 1910, Dumont se ausentou de suas funções como aeronauta, decidindo retornar ao seu país de origem, pois já havia passado vários anos na Europa. Após sua chegada ao Brasil, morou em sua casa em Petrópolis, no Rio de Janeiro: a Encantada, como era conhecida a casa. Já nessa época, a saúde mental de Dumont não estava nada bem, pois sofria de uma depressão severa, agravada com o uso dos aviões na guerra.
Em 23 de julho de 1932, Alberto Santos Dumont, em meio à angústia e sem deixar nenhum bilhete ou carta de despedida, enforcou-se com sua própria gravata, aos 59 anos de idade.



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