top of page
  • Pietro Giuseppe e Maria Rita Luzan

Verdadeira coloração de Netuno e sua semelhança com Urano


Não é novidade que as imagens do espaço que geralmente vemos não são necessariamente uma representação precisa da realidade. Mudanças na exposição, contraste, brilho ou até mesmo colorações artificiais podem ser feitas para realçar uma certa característica ou para dar foque em outros aspectos da imagem.  Mesmo com esse conhecimento, um estudo recente trouxe à tona a informação de que os dois últimos planetas do nosso sistema solar - Urano e Netuno - são, na verdade, mais semelhantes do que se acreditava.


Foi a espaçonave Voyager 2 quem, em 25 de agosto de 1989,  fotografou Netuno pela última vez como parte da sua missão de observar de perto os  quatro gigantes gasosos do nosso sistema. A imagem revelou detalhes sobre a atmosfera azulada e as características distintas do planeta Netuno, incluindo sua grande mancha escura e suas inúmeras luas. Na época, o tratamento de imagem e a manipulação do contraste para evidenciar nuvens, ventos e demais características de Netuno contribuíram para criar uma figura mais azul do que o planeta realmente é.


Isso foi o foco do estudo publicado em 5/01/2024 na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, em que o professor da Universidade de Oxford e líder da pesquisa, Patrick Irwin, explicou que os planetas Netuno e Urano são, na realidade, muito mais parecidos um com o outro. Ele disse ainda que as imagens da Voyager 2 eram, na época, publicadas com uma explicação sobre o tratamento de imagem realizado e de que sua coloração não necessariamente retratava a realidade. Porém, com o tempo, esse aviso nas legendas acabou se perdendo e ficamos com a imagem de Netuno como a  conhecemos hoje






Imagem 1: comparação dos planetas Urano e Netuno nas imagens originais fornecidas pela Voyager 2 e após o

reprocessamento de dados





O estudo utilizou instrumentos mais modernos do que os disponíveis na época da Voyager 2 e, por meio de novas imagens do Telescópio Espacial Hubble da NASA e do Very Large Telescope da Agência Espacial Europeia (ESA), chegou a um espectro de cores dos planetas mais próximo da realidade do que se tinha até então, como representado na imagem 1. 

A atmosfera do planeta é composta por 80% de hidrogênio, 18% de hélio e 2% de metano, muito similar à de Urano, o que condiz com suas aparências semelhantes. O tom azulado desses gigantes gasosos é atribuído ao metano em suas atmosferas, que forma uma camada em volta do planeta e absorve, assim, o avermelhado da luz solar. Ainda, o estudo de Patrick Irwin mostra Urano com uma cor um pouco mais esbranquiçada, o que pode ser atribuído à sua atmosfera mais “lenta” do que a de Netuno que possui fortes ventos que impedem o acúmulo de metano e aumentam a extensão da área que reflete os tons vermelhos do sol.

A coloração de Urano nos solstícios de inverno e verão é resultado de sua composição atmosférica e das interações com a luz solar. Durante o solstício de inverno, a atmosfera de Urano parece mais esverdeada devido à quantidade de gás metano em sua atmosfera superior. Já durante o solstício de verão, a coloração tende a ser mais azulada, pois o ângulo da luz solar incide de maneira diferente na atmosfera, refletindo a luz de forma distinta. Essas variações sazonais fornecem informações valiosas sobre a atmosfera e a dinâmica climática de Urano.

Em suma, o estudo recente sobre Urano e Netuno destaca a importância de entendermos as limitações das imagens do espaço. Embora as fotografias capturadas pela Voyager 2 tenham proporcionado vislumbres notáveis dos planetas, sua representação acabou distorcida devido ao tratamento de imagem da época. A pesquisa liderada por Patrick Irwin, da Universidade de Oxford, demonstrou que Urano e Netuno são mais semelhantes do que se pensava, revelando nuances sobre suas composições atmosféricas e características físicas. A utilização de instrumentos mais modernos,como o Telescópio Espacial Hubble e o Very Large Telescope da ESA, possibilitou uma visão mais precisa e detalhada dos planetas, contribuindo para uma compreensão mais profunda do nosso sistema solar. Essas descobertas ressaltam a importância constante revisão e atualização do conhecimento científico, nos lembrando que a verdadeira natureza do cosmo muitas vezes exige um olhar mais atento e refinado.





Referências:


MARIN, J. Urano e Netuno: estudo revela as “cores reais” dos dois planetas. Tecmundo. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/ciencia/275596-urano-netuno-estudo-revela-cores-reais-dois-planetas-sistema-solar.htm. Acesso em: 10/03/2024

GHOSH, P. Cientistas revelam as verdadeiras cores dos planetas Urano e Netuno. G1.globo.com; Disponível em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2024/01/06/cientistas-revelam-as-verdadeiras-cores-dos-planetas-urano-e-netuno.ghtml. Acesso em: 10/03/2024


REDAÇÃO GALILEU. Há 30 anos sonda Voyager 2 visitava Netuno pela primeira (e última) vez. Revista Galileu; Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/08/ha-30-anos-sonda-voyager-2-visitava-netuno-pela-primeira-e-ultima-vez.html. Acesso em: 10/03/2024


5 visualizações
Siga o PET Física: 
  • Branco Facebook Ícone
  • Branca Ícone Instagram
O Grupo:

Com doze integrantes e o tutor, o grupo desenvolve diversas atividades que envolvem as áreas de ensino, pesquisa e extensão. A equipe também se empenha em divulgar ciência e consciência para a comunidade acadêmica e pública em geral.
Saiba mais na aba Atividades!
Inscrições PET Física
EM breve abriremos inscrições
EVENTOS
  • EPAST - 16 Á 19 de junho
  • ​ENAPET - 19 á 23 de setembro
PROJETOS
  • Experimentos antigos
  • ​astronomia

LINHAS DE PESQUISA

  • RPG na educação
  • ​astronomia nas escolas
  • comprimentos de onda
bottom of page